Gilberto Jasper
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Conheço pessoalmente o ex-senador Pedro Simon desde 1968 quando eu tinha oito anos. Meu pai era candidato a vereador e até falecer, aos 52 anos de idade, coordenava campanhas eleitorais em Arroio do Meio, no Vale do Taquari. Simon visitava minha casa com outras lideranças, como Paulo Brossard.
No fim de semana, o destino protagonizou um duro golpe no ex-governador do Rio Grande do Sul com a perda do filho, Tomaz, de 49 anos, que sofreu um infarto em um supermercado de Porto Alegre. Deixou a esposa e os filhos gêmeos com menos de um ano. Antes, Simon tivera duas perdas: da esposa e de outro filho.
Pedro Simon tem 91 anos, é extremamente religioso que doou parte do patrimônio à Igreja. Fui assessor de seu filho, o deputado estadual Tiago Simon, e pelo menos uma vez por mês passava as tardes com o ex-senador. Há mais de 60 anos Pedro Simon mora com a segunda esposa em um modesto apartamento na Avenida Protásio Alves, em Porto Alegre. As tardes que passei com ele eram aulas de história política. Natural de Caxias de Sul foi líder estudantil e galgou praticamente todos cargos em sua exitosa trajetória política.
O Estado e o país lamentam a saída de cena deste líder que lançou inúmeros políticos de sucesso. A perda de mais um ente querido é um golpe injusto, duro e insuperável para qualquer pessoa. A religiosidade de Simon é o único bálsamo capaz de mantê-lo de pé.
Ele é generoso com os jovens que o convidam para encontros políticos. Nunca nega uma entrevista. Viaja Brasil afora sem cobrar cachê ou exigir qualquer mordomia. “Sou franciscano e procuro seguir seus ensinamentos”, repetia pouco antes de se despedir de mim pouco antes das 17h para ir à missa, um compromisso diário cumprido com dedicação e alegria.
Os desígnios do destino são um eterno mistério. Muitas vezes nos rebelamos contra os reveses que a vida nos apronta. Rogamos pragas para os dissabores, culpamos tudo e todos pelos azares do dia a dia.
Eu e outras pessoas que conhecem Simon se perguntam de onde ele tira tamanha força para prosseguir. Muitos passam o dia a blasfemar contra a vida e a sorte sem motivos. Poucos, certamente, são capazes de suportar tantas adversidades, tragédias e perdas como Pedro Jorge Simon, um sobrevivente.
